Relatorio da epidemia de febre amarella em Lisboa no anno de 1857 / feito pelo Conselho Extraordinario de Saude Publica do Reino creado por decreto de 29 de setembro de 1857.

  • Portugal. Conselho Extraordinario de Saude Publica.
Date:
1859
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Credit: Relatorio da epidemia de febre amarella em Lisboa no anno de 1857 / feito pelo Conselho Extraordinario de Saude Publica do Reino creado por decreto de 29 de setembro de 1857. Source: Wellcome Collection.

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    se será o verdadeiro typlio americano: não duvidando comtudo a maioria de que tivesse por causa a importação. Na diííiculdade que a commissão a principio teve para caracterisar a doença, e no modo por que ainda depois disputou terreno ao verdadeiro diagnostico, o que sobretudo se deixa ver é a intenção,- aliás louvável, de evitar no principio da epidemia a impressão de terror, que naturalmente pode causar o annuncio de tão terrivel doença, e de reunir factos, que podessem justificar tão grave dia- gnostico. E não deixa também de ser muitas vezes conveniente acostumar o pu- blico n’essas occasiõcs a encarar o inimigo que o accommette, antes que chegue a saber o nome e a indole, que tem, quando isso não prejudica ou retarda as pro- videncias, que devem ser tomadas pela auctoridade, para com a qual não ha o mesmo motivo para disfarçar o mal; devendo pelo contrario fazer-se-lhe conhecer o mais breve possivel, e cm toda a sua gravidade e extensão. Junto á Tentadora e ao Duarte iv estavam dois navios inglezes o Alarm c Lusitania, a bordo dos quaes appareceram 3 casos da febre, desenvolvidos todos depois d’essa approximação. Um dos atacados foi o capitão do Alarm. 0 primeiro ponto da cidade em que começaram a apparecer casos de doença foi Miragaia, proximo ao ancoradouro onde existiam os navios infeccionados. A epidemia deu logar a 40 obitos, dos quaes o ultimo foi a 2 de outubro; considerou-se terminada no dia 10. As barcas Espirito Santo, e Manuel n, que n’essa occasião saíram do Porto para Pernambuco, tiveram na viagem muitos doentes da febre, como constou da declaração dos proprios commandantes. FEBRE AMARELLA NO PORTO EM 1856 Nos quatro annos seguintes a 1851 não appareceu na cidade do Porto mais caso algum de febre amarella; porém no de 1856 houve ali outra ma- nifestação da mesma febre, com circuinstancias muito similhantes ás do anuo de 1851. Os primeiros doentes ainda são guardas da alfandega e do contrato do ta- baco, que haviam assistido á descarga de dois navios vindos do Brazil, S. Manuel i e Monteiro i. Um d’estes guardas faíleceu a 27 de julho, tendo sido atacado a 23, epocha de que deve datar o principio da epidemia, E comtudo provável que desde o dia 21 ou 22 tivessem sido atacados um empregado braçal da alfandega, um sargento, um soldado, c a concubina do sargento, casos que a principio só foram dados como suspeitos. A 3 de agosto officiava ao governo o general das armas, dando parte de que na guarnição apparecia uma febre de mau caracter. As conferencias a esse tempo havidas no hospital militar marcavam já a verdadeira natureza da doença, capi- tulando-a de febre amarella. O delegado de saude, convidado a visitar este hos- pital, achou alem de 3 casos, claramente pronunciados, outros 3 que declarou suspeitos. Soube dos doentes que todos haviam estado no caes da alfandega, as- sistindo á descarga dos navios. Adoptaram-se então algumas providencias, como foram a de remover os obje- clos suspeitos, a limpeza dos navios e outras; mas o mal, postoque lentamente e em pequena escala, foi tomando incremento. Os atacados eram indivíduos das tripulações dos navios, ou outros que íam ali trabalhar; eram pessoas de Mi-