Subsidios para a historia da India portugueza : publicados de ordem da Classe de sciencias moraes, politicas e bellas-lettras da Academia real das sciencias de Lisboa / e sob a direcção de Rodrigo José de Lima Felner ... obra subsidiada pelo governo de Portugal.

  • Academia das Ciências de Lisboa.
Date:
1868
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Credit: Subsidios para a historia da India portugueza : publicados de ordem da Classe de sciencias moraes, politicas e bellas-lettras da Academia real das sciencias de Lisboa / e sob a direcção de Rodrigo José de Lima Felner ... obra subsidiada pelo governo de Portugal. Source: Wellcome Collection.

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    tros muitos escritos, as cartas e contas dos feitores, para o estudo com- pleto do período em que Lisboa, rainha do Qccidente, foi emporio do eominercio oriental, com abatimento do poderio da ciosa e soberba repu- blica de Veneza, e a despeito de sua opposição constante, e dissimulada sob as apparencias de falsa amisade. Estas noticias habilmente coiligidas e aproveitadas, quando houver quem as queira e possa colligir e apro- veitar, hào de ainda algum dia facilitar a alguém a empresa de escrever a historia economica e financeira d’esses tempos de prosperidade, mais phantastica, do que real, se por ventura separarmos a gloria indisputável dos navegadores e guerreiros portuguezes. Foi, na verdade, essa prospe- ridade ficticia a que despovoou o reino, matou a agricultura, abriu vastos sorvedouros de vidas e riquezas, e depravou os costumes, deslumbrando, todavia, as outras nações da Europa, que, a principio a contemplaram invejosas e inertes, mas que recobradas do primeiro assombro causado pelas nossas quasi prodigiosas viclorias, logo começaram algumas d’ellas, como por ensaio de forças, a exercer contra nós a piraleria, preparando-se para mais tarde, sobre tudo durante a fatal união de Portugal á Hespanha, nos arrebatarem a maior parte das conquistas. Tornemos ao livro, de que esta curta digressão nos aparlára. Dá-nos elle a única explicação satisfactoria da pasmosa desegualdade dos pesos communs aos mercados de quasi toda a Asia e a muitos de África, em uns e outros conhecidos pelo nome de babares. Inutilmente, com a esperança de descubrir de que ella provinha, lêramos e confrontáramos os nossos escriptores de melhor nome e alguns estrangeiros: viamol-os dis- cordes entre si, e não concordes comsigo mesmos, fazerem corresponder o babar, não fallando na variedade dos valores intermédios que lhe altri- buiam, umas vezes a onze arrobas e um quarto, e ainda menos; outras a mais de vinte e Ires arrobas 2. Differença enorme, que por isso mesmo 2 Segundo as Lendas da Índia, t. II, p. 546, quatrocentos babares de canetla de Ceylão equivaliam a oitocentos quintaes, ou cada babar a oito arrobas, e segundo Cas- tanheda, 1. VI, c. LXXXIX, mil babares de cairo das Maldivas eram eguaes a 2828q, e portanto correspondia um bahar de cairo a llar,312. Do bahar de cravo de Ternate